Jesus era rico ou pobre – e por que importa?

Quando se trata de riqueza e pobreza, “O que faria Jesus? Talvez uma pergunta melhor seria: “O que fez Jesus?” Qual foi o exemplo do nosso Salvador ao viver no mundo material, ao interagir com as coisas e as pessoas que o preenchem?

Certo, precisamos seguir o exemplo de Jesus. Como cristãos (literalmente, “pequenos Cristos”), devemos estar interessados tanto no que Jesus disse como no que ele fez. Entretanto, quando se trata de viver no mundo material e ser como Cristo, interpretar o exemplo bíblico de Jesus pode ser um desafio. Isto não é porque Jesus era inconsistente em seu exemplo; é porque a interação de Cristo com o mundo material era tão ampla.

Pobreza de Jesus

Na leitura dos Evangelhos, podemos nos concentrar na pobreza de Jesus. Há um sentido em que a própria encarnação de Cristo foi um ato de empobrecimento. De fato, para assumir a carne humana e habitar entre os pecadores e a sujeira deste mundo, Jesus teve que pôr de lado a riqueza do céu. Este foi o ensinamento de Paulo em Filipenses 2:7, onde ele escreveu que Jesus “esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de um servo, nascendo à semelhança dos homens”. Este mesmo ensinamento é a essência deste versículo,

Pois vós conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, embora rico, por amor de vós se tornou pobre, para que vós, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos. (2 Coríntios 8:9)

Também podemos ver o nível de pobreza que Jesus experimentou olhando para o estado material da sua família. A maioria das pessoas está familiarizada com os detalhes do nascimento de Cristo desde que são recontados e celebrados a cada Natal. A história da natividade de Jesus inclui nascer numa cidade estrangeira (presumivelmente sem família e amigos), ser colocado numa manjedoura (literalmente um cocho) e ser visitado por pastores – estranhos que eram considerados pela maioria das pessoas como os excluídos da sociedade (ver Lucas 2:7).

Ao descrever a circuncisão de Jesus, Lucas relata que Maria e José ofereceram dois pombos como sacrifício no templo para a purificação de Maria (ver Lucas 2:22-24). Levítico 12,7-8 explica que o sacrifício habitual no momento da circuncisão era para ser um cordeiro, mas se a mãe biológica não podia “pagar um cordeiro, então ela tomará duas rolas ou dois pombos, um para holocausto e o outro para oferta pelo pecado”. E o sacerdote fará expiação por ela, e ela ficará limpa” (Levítico 12:8). Aparentemente, então, os pais de Jesus eram pobres demais para oferecer o cordeiro habitual.

Assim Jesus nasceu em uma família que fazia parte da classe econômica mais baixa. Vemos que este status material não mudou 30 anos depois, durante o ministério terreno de Jesus. Em um post recente, citamos uma série de ensinamentos conhecidos de Jesus sobre riqueza e pobreza nesta época. Devemos notar também os comentários de Jesus sobre seu próprio status econômico, como quando ele disse: “As raposas têm buracos, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar sua cabeça” (Mateus 8:20). As narrativas dos Evangelhos dão este testemunho.

Parece que Cristo teve muito pouco por meio de bens materiais durante o seu ministério. Considere o seguinte: Jesus…

  • preendido de barcos emprestados,
  • multiplicado comida emprestada,
  • rode num potro emprestado,
  • e foi enterrado num túmulo emprestado.

De facto, a maioria das necessidades materiais de Jesus, bem como as dos seus discípulos, foram aparentemente satisfeitas por doações de um grupo de mulheres devotadas que o acompanhavam. Em seu Evangelho, Lucas se refere a “Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios, e Joana, a esposa de Chuza, gerente da casa de Herodes, e Susana, e muitos outros, que providenciaram por seus meios” (Lucas 8:2-3; ver também Marcos 15:40-41).

A riqueza de Jesus

Se esta descrição pudesse ser tomada como um resumo abrangente de como Jesus viveu no mundo material durante a sua encarnação, poderíamos concluir que o seu exemplo era o da pobreza e que as nossas vidas deveriam igualmente visar a pobreza. No entanto, também podemos ler os Evangelhos com foco na riqueza de Jesus.

Como acabamos de observar, o status econômico da família de Jesus na época de seu nascimento era claramente de pobreza ou quase pobreza. No entanto, três anos depois, quando os magos visitaram Cristo, trazendo presentes extremamente caros, a família de Jesus estava situada numa casa, o que indica um provável aumento no status econômico de Maria e José (ver Mateus 2:11). Mais tarde, em Lucas 2:41-51, o evangelista relata que Maria e José tinham estabilidade financeira suficiente para viajar como família a Jerusalém para celebrar a festa da Páscoa – uma viagem que só era exigida de homens adultos, não de famílias inteiras (ver Êxodo 23:17).

A Bíblia não explica detalhes sobre a melhoria do status financeiro da família de Jesus; no entanto, é provável que com o tempo eles se tornaram parte do que nós identificaríamos como a classe média econômica. Os historiadores nos dizem que Nazaré era uma cidade próspera, especialmente para os comerciantes, pois estava localizada perto da cidade de Séforis, um luxuoso destino de férias romanas que estava em constante construção. Podemos supor que José, sendo um carpinteiro (Mateus 13:55), teria se beneficiado desta oportunidade de emprego estável. Evidentemente, Jesus acabou assumindo o ofício de seu pai, já que mais tarde ficou conhecido como “o carpinteiro” (Marcos 6:3).

A Bíblia também relata que Jesus ministrou e se identificou com muitos indivíduos ricos e poderosos, incluindo José de Arimatéia, Nicodemos, Zaqueu, Levi, e alguns fariseus sem nome. O Evangelho de Lucas destaca especialmente o gosto de Jesus pela comida, sua aceitação de presentes caros e sua companhia com os ricos. Por exemplo, Lucas registra a participação de Jesus em festas e seu jantar com indivíduos ricos (veja Lucas 5:29-32; 7:36-39; 11:37; 14:1-2). Alguns desses mesmos temas aparecem no Evangelho de João, que relata o primeiro milagre de Cristo ocorrido em uma celebração de casamento e mais tarde anota a aceitação de Jesus de um presente de perfume luxuoso e caro de Maria (ver João 2:1-11; 12:1-3). Observe o testemunho de Jesus a respeito de si mesmo: “O Filho do Homem veio comer e beber” (Mateus 11,19).

Conclusão

Baseado no exemplo da vida de Jesus, o que devemos concluir sobre viver no mundo material? Durante a sua vida, Jesus experimentou uma série de estados económicos. Ele teria experimentado uma pobreza relativa ao seu nascimento, uma educação de classe média do primeiro século antes de embarcar no seu ministério e depois pobreza voluntária durante o seu ministério. É revelador notar que Cristo nunca condenou a riqueza ou a pobreza em si; ao contrário, ele enfrentou pecados que muitas vezes levaram à riqueza ou pobreza – incluindo a ganância, o orgulho, a preguiça, a injustiça e o roubo, entre outros. Além disso, Jesus estava confortável e proficiente em interagir tanto com ricos como com pobres.

O que o exemplo de Jesus significa para nós? Para sermos como Cristo, precisamos aprender a nos contentar com nossas próprias circunstâncias materiais, sejam elas quais forem (Filipenses 4:11). Procurar mudar nosso status financeiro, seja de pobreza para riqueza ou de riqueza para pobreza, parece permissível, desde que nossos motivos sejam piedosos. Além disso, é como Cristo enfrentar os pecados que resultam em um estado material injusto, seja pobreza ou riqueza. Cultivar a capacidade de falar tanto com os pobres como com os ricos será uma habilidade útil enquanto buscamos alcançar o mundo com o evangelho de Cristo.

Este artigo é um trecho modificado do novo livro do Dr. Jones, Toda Coisa Boa. Detalhes>>

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