Anatomia do Canal Anal
O canal anal é a parte mais terminal do trato gastrointestinal inferior/ intestino grosso, que fica entre a borda anal (orifício anal, ânus) no períneo abaixo e o reto acima. A descrição neste tópico é de baixo para cima, pois é assim que esta região é normalmente examinada na prática clínica. Imagens retratando o canal anal podem ser vistas abaixo.
A pele perianal pigmentada e queratinizada das nádegas (ao redor da borda anal) tem apêndices de pele (por exemplo, cabelo, glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas); compare isto com a pele do canal anal acima da borda anal, que também é pigmentada e queratinizada mas não tem apêndices de pele.
A demarcação entre o reto acima e o canal anal abaixo é o anel anorretal ou flexão anorretal, onde o músculo puborretal forma uma funda em torno do aspecto posterior da junção anorretal, dobrando-o anteriormente.
O canal anal é completamente extraperitoneal. O comprimento do canal anal é de cerca de 4 cm (alcance, 3-5 cm), sendo dois terços acima da linha pectinatosa (também conhecida como linha dentada) e um terço abaixo da linha pectinatosa.
O epitélio do canal anal entre a borda anal abaixo e a linha pectinatosa acima é descrito de forma variada como mucosa anal ou pele anal. O autor acredita que deve ser chamado de pele anal (anoderm), como parece (pigmentada) pele, é sensível como a pele (porque uma fissura-em-ano é muito dolorosa), e é queratinizada (mas não tem apêndices cutâneos).
A linha pectinatosa é o local de transição do proctodeum abaixo e do intestino pós-alantóico acima. É uma demarcação em vieira formada pelas válvulas anais (pregas transversais da mucosa) nas extremidades mais inferiores das colunas anais. As glândulas anais abrem-se acima das válvulas anais para dentro dos seios anais. A linha pectinato não é vista na inspecção na prática clínica, mas sob anestesia o canal anal desce e a linha pectinato pode ser vista numa ligeira retracção da pele do canal anal.
O canal anal logo acima da linha pectinato durante cerca de 1-2 cm é chamado de pecten anal ou zona de transição. Acima desta zona de transição, o canal anal é forrado com epitélio colunar (que é insensível ao corte). As colunas anais (de Morgagni) são 6-10 pregas longitudinais (verticais) da mucosa na parte superior do canal anal.
Na parte inferior destas colunas estão os seios anais ou criptas, nas quais se abrem as glândulas anais e as papilas anais. A infecção das glândulas anais é provavelmente o evento inicial na causa do abcesso perianal e da fístula inano. Três destas colunas (lateral esquerda, posterior direita e anterior direita, nas posições de 3, 7 e 11 horas em posição supina) são proeminentes; são chamadas almofadas anais e contêm ramos e tributários da artéria retal superior (hemorroidária) e veia. Quando proeminentes, as veias destas almofadas formam as hemorróidas internas.
A junção anorretal ou anel anorretal está situada a cerca de 5 cm do ânus. Na flexão anorretal ou ângulo, a junção anorretal é puxada anterosuperiormente pela funda puborretal para continuar abaixo como o canal anal.
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Músculos ani e coccígeo do nível formam o diafragma pélvico. Lateral ao canal anal são as fossas isquioanais (isquiorretais) piramidais (1 de cada lado), abaixo do diafragma pélvico e acima da pele perianal. As fossas isquioanais pareadas comunicam umas com as outras atrás do canal anal. As relações anteriores do canal anal são, nos machos, as vesículas seminais, próstata e uretra e, nas fêmeas, o colo do útero e a vagina com o corpo perineal no meio. Em frente (anterior a) o canal anal é a fáscia rectovesical (de Denonvilliers), e atrás (posterior) é a fáscia endopelvica pré-acral (de Waldeyer), sob a qual se encontra um rico plexo pré-acral de veias. Posterior ao canal anal encontra-se a ponta do cóccix (unida a ele pelo ligamento anococcígeo) e o sacro inferior.
O canal anal é rodeado por vários espaços perianais: subcutâneo, submucoso, interesfincteriano, isquioanal (retal) e pelvirectal.
Fornecimento do sangue e linfáticos
O canal anal acima da linha do pectinato é fornecido pelos ramos terminais da artéria rectal (hemorroidária) superior, que é o ramo terminal da artéria mesentérica inferior. A artéria retal média (um ramo da artéria ilíaca interna) e a artéria retal inferior (um ramo da artéria pudenda interna) fornecem o canal anal inferior.
Baixo da pele do canal anal (abaixo da linha pectinato) encontra-se o plexo hemorroidal externo das veias, que drena para as veias sistêmicas. Sob a mucosa do canal anal (acima da linha pectinatosa) encontra-se o plexo hemorroidal interno das veias, que drena para o sistema portal das veias. O canal anal é, portanto, uma importante área de ligação venosa portosistémica (sendo a outra a junção esofagogástrica). Os linfáticos do canal anal drenam para o grupo inguinal superficial dos linfonodos.
Fisiologia
Tônus do esfíncter anorretal pode ser avaliado durante o exame retal digital (DRE) quando o paciente é solicitado a apertar o dedo examinador. A manometria anorretal mede as pressões: repouso e aperto.
Briologia
O canal anal abaixo da linha pectinizada desenvolve-se a partir do proctodeum (ectoderme), enquanto que acima da linha pectinizada desenvolve-se a partir do endoderme do intestino.