Para um marcapasso natural
Passoas cardíacos artificiais salvaram e prolongaram a vida de milhares de pessoas, mas eles têm suas deficiências – como uma freqüência de pulso fixa e uma vida limitada. Será possível uma solução biológica permanente?
Richard Robinson e colegas das Universidades Columbia e Stony Brook, de Nova Iorque, certamente pensam assim, e o seu trabalho publicado na última edição do The Journal of Physiology aproxima o sonho da realidade.
O próprio marcapasso natural do corpo, chamado nó sinoatrial (SA), é extremamente vulnerável a danos durante um ataque cardíaco, muitas vezes deixando o paciente com um batimento cardíaco fraco, lento ou não confiável. O coração tem capacidade limitada de se recuperar dos danos, por isso a abordagem convencional é a de instalar um dispositivo eletrônico para monitorar e controlar diretamente o batimento.
Terapias para ajudar a aumentar a freqüência cardíaca biologicamente poderiam ser uma solução muito melhor, mas existem alguns grandes obstáculos. A forma como os sinais elétricos são gerados no nó SA – e, portanto, a freqüência cardíaca – está longe de ser simples. Existem três caminhos eléctricos separados entre as células, chamados HCN ou canais “engraçados” (devido ao seu comportamento complexo), que podem estar envolvidos.
O trabalho do Dr Robinson ajuda a esclarecer os segredos dos canais HCN, mas o mais importante descreve uma cultura celular que eles desenvolveram que imita com precisão a função HCN em corações inteiros de mamíferos, tornando a pesquisa futura na área muito mais rápida e fácil.
Os pesquisadores usaram seu novo modelo celular para ‘religar’ geneticamente dois dos canais de HCN. O ritmo cardíaco resultante foi muito rápido com pausas irregulares, tal como já foi observado em cães e ratos.
É cedo – mas os novos modelos celulares e de computador são ideais para testar novos medicamentos em potencial para influenciar a frequência cardíaca e preparar o caminho para o desenvolvimento de novos marcapassos biológicos genéticos.